QUANDO O AMOR NÃO BASTA, NADA MAIS PREENCHERÁ O VAZIO 5v424a

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Por: Idelfonso Alves - Redação: JCA ANAURILÂNDIA

10/05/2025 18h02 - Atualizado há 3 semanas

QUANDO O AMOR NÃO BASTA, NADA MAIS PREENCHERÁ O VAZIO

Imagem: Idelfonso Alves

Em meio às luzes da cidade e às fachadas de normalidade, escondem-se histórias devastadoras. São trajetórias silenciosas que se desenrolam longe dos holofotes, onde o amor de uma família, o sucesso profissional ou o conforto de um lar já não são suficientes para conter o peso do vazio interior. O nome dessa devastação: dependência química.

A dependência de drogas não escolhe cor, classe social ou crença. Ela se infiltra nas brechas da dor emocional, nos traumas não resolvidos, na solidão crônica ou mesmo no desejo de pertencimento. E quando se instala, não há lógica que a contenha.

Carlos*, 59 anos, tinha uma vida estável, bem-sucedido, casado, pai de três filhas. Morava em um bairro de classe média, tinha amigos, saúde e planos. Mas tudo isso virou fumaça ou pó. A dor de um trauma de ser abandonado pela mãe aos três anos de idade e de vários relacionamentos falidos, foi a gota d'água para que tudo começasse a desmoronar.
“Era só para esquecer tudo, enquanto estava drogado não me lembrava de nada e com isso não sentia dor na alma. Eu pensei que tinha controle. Quando percebi, já estava usando todos os dias. Sumia por dias, nunca queria vê ninguém. Me isolei completamente e perdi tudo”, relata Carlos, hoje em tratamento.

A droga, seja ela qual for, age diretamente no sistema de recompensa do cérebro. Dá prazer imediato, alívio temporário — uma fuga. O problema é que o corpo e a mente am a precisar daquela sensação para funcionar, e o preço disso é alto: emprego perdido, confiança quebrada, relacionamentos destruídos.

Pais e mães assistem seus filhos se transformarem em estranhos. Esposas e maridos tentam salvar quem já não quer ser salvo. Amigos se afastam. E, em muitos casos, a pessoa em dependência acaba nas ruas, longe de qualquer resquício da vida que um dia teve.

“O que mais dói é que, muitas vezes, o amor não é suficiente para fazer o outro voltar”, lamenta Silvia*, mãe de um jovem usuário de crack. “Já tentamos de tudo. Internações, terapias, apoio espiritual. Mas ele sempre volta para as drogas. É como se houvesse um buraco dentro dele que nada consegue preencher.”

A ruína da dependência química é total. Vai além do físico. Ela leva embora a dignidade, a identidade, o futuro. E por isso é preciso falar, informar, acolher e investir em políticas públicas de prevenção e tratamento.

Não se trata apenas de combater a droga, mas de entender o que leva alguém a buscar nela um alívio.
Porque quando o amor não basta, é sinal de que a dor é profunda demais para ser enfrentada sozinho. Não julgue, não condene, apenas ajude com amor.

Obs.: Alguns nomes foram alterados para preservar a identidade das fontes.

O texto e imagem fazem parte de um livro "QUANDO O AMOR NÃO BASTA" que estamos concluindo.